Fundada em 2012 e baseada numa instrumentação de contrabaixo, voz, trompete, trombone, saxofone, bateria, guitarra e piano, a banda Botticelli Baby é constituída por seis excelentes músicos alemães de diferentes idades e proveniências estéticas que há muito vêm preenchendo os palcos europeus de uma energia musical elétrica e intensamente inventiva. Ao longo do tempo, o alinhamento de músicos foi mudando – da formação original resistem Alexander Niermann, Marlon Bösherz e Jörg Buttler – e a direção criativa do projeto foi acompanhando essa mudança, explorando novos horizontes musicais, mas a pureza do propósito de comunhão e diálogo pela música não se desvaneceu. O seu primeiro registo discográfico (“Junk”) data de 2018 e, desde então, a banda editou mais quatro álbuns – entre eles, o celebrado “SAFT”, de 2021, gravado em plena pandemia – que documentam a evolução estilística de um grupo que sempre teve como premissa fundamental a fusão de vários estilos musicais adjacentes ao jazz numa textura sonora com uma qualidade quase cinemáticas.

Iconoclastas e excêntricos na sua linguagem musical e imagética, os Botticelli Baby são a confirmação de que existe no jazz contemporâneo espaço para a originalidade e para a sofisticação sonora sem que isso represente necessariamente a construção de discursos intelectuais ou musicalmente complexos. Nunca abdicando da integridade artística, este grupo afirma-se pela capacidade interagir ludicamente com as convenções do jazz e, nesse jogo, criar emoções e pontes de sentido culturais, que é no fundo sempre a ambição da verdadeira música.