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QUINTA 6 A SÁBADO 15 NOVEMBRO

Guimarães Jazz

34.ª edição
Música

Maiores de 6

Toda a música, e especificamente o jazz tendo em conta as suas características próprias, é um espaço de abertura para a singularidade expressada pelo músico, vinculando-nos assim a uma visão pessoal da realidade. Assim sendo, é o nosso dever enquanto agentes culturais organizadores de um festival privilegiar o conhecimento da maior diversidade possível de mundivisões, ou seja, de estilos e linguagens musicais, porque só assim poderemos alcançar uma compreensão minimamente inteligível das nossas audições no contexto de um mundo instável e em fase de projeto.
Ao longo do seu tempo de existência – 34 anos cumpridos este ano –, o Guimarães Jazz tem sempre tentado manter-se fiel a este princípio de programação e, por isso também, a sua atuação foi sempre pautada pela contenção discursiva e pela tentativa consistente evitar classificações rígidas que apenas prejudicam a música. Sobretudo no momento de polarização em que vivemos, a desaceleração retórica afigura-se um imperativo ainda mais urgente para a realização desse objetivo de abertura. Isto significa, no fundo, focarmo-nos no essencial da nossa função, isto é, no papel de divulgador da história passada e presente do jazz, tentando simultaneamente sublimar o que de mais valioso que o passado tem para nos oferecer e destacar o que, no momento atual, os músicos tentam construir para o futuro.
Em 2025, voltamos a abraçar este exigente desafio e apresentamos, uma vez mais, um elenco de músicos e projetos que julgamos encaixarem nesta filosofia e dignificar o festival e o seu público. Eis, portanto, o programa da 34ª edição do Guimarães Jazz.
O primeiro e o segundo concertos da programação oficial do festival serão marcados pela presença da voz por via de dois projetos protagonizados por músicos muito distintos estilística e geracionalmente, mas que partilham uma dimensão elegíaca das raízes musicais do jazz. No primeiro caso, trata-se de “Blues Blood”, o mais recente trabalho criativo de Immanuel Wilkins, um compositor e saxofonista ainda muito jovem, mas que é já um dos nomes mais destacados da sua geração a operar no circuito jazzístico, que neste concerto se apresentará acompanhado de uma formação expandida pela contribuição de três vocalistas com o propósito de homenagear a tradição musical afro-americana. A segunda noite, por seu turno, marcará o regresso, vinte anos depois, ao Guimarães Jazz de Maria João, uma das figuras mais carismáticas e influentes do jazz português e que, nesta edição do festival, celebrará, apoiada pela sua banda, por um coro de vozes e pela Orquestra de Guimarães, 40 anos de carreira com um novo projeto (“Abundância”) em que retorna às suas raízes africanas. O concerto de encerramento do primeiro fim de semana do festival trará pela primeira vez a este palco o trio de Fred Hersch, um pianista incontornável do jazz contemporâneo, com uma obra multifacetada e desafiante, que aqui se apresentará acompanhado por dois excelentes instrumentistas para uma atuação que se espera ao mais alto nível do cânone jazzístico.
O piano é, a par da voz, das presenças fortes desta edição do Guimarães Jazz. A responsabilidade da abertura do segundo fim de semana caberá, porém, a um quinteto formado por um naipe notável de músicos e liderado por um grande saxofonista Mark Turner, cujo trajeto na música, ao longo das últimas três décadas, em nome próprio e como colaborador de grandes nomes do jazz, merece novo destaque e o reconhecimento do público. As duas noites seguintes serão, essas sim, preenchidas pela música de dois projetos ancorados em pressupostos radicalmente divergentes, mas em que os pianistas assumem igual protagonismo. Na sexta-feira apresentamos um concerto de um trio composto por Craig Taborn, Tomeka Reid e Ches Smith, três músicos de exceção operantes nos territórios intersticiais de abertura do jazz às tendências contemporâneas de hibridismo musical, e que aqui se encontram num afluente invulgar e desafiante de piano, violoncelo e bateria. O encerramento do Guimarães Jazz assistirá a mais um regresso ao festival, neste caso o do multipremiado pianista panamiano Danilo Pérez, um músico e compositor com um percurso de grande prestígio no jazz, o qual surgirá acompanhado na interpretação das suas composições por uma orquestra histórica da Suécia, a Bohuslän Big Band, concluindo assim este ciclo anual de concertos com a fusão harmoniosa de classicismo e exotismo musical que carateriza a obra de Pérez.
Em paralelo à programação do grande auditório do CCVF, a 34ª edição do Guimarães Jazz apresenta, tal como tem acontecido ao longo dos anos, vários concertos de perfil adaptado ao auditório secundário, nomeadamente aqueles que resultam das parcerias do festival com várias instituições e coletivos com um trabalho de relevo no âmbito da música contemporânea em Portugal. No primeiro sábado haverá uma sessão dupla: no primeiro momento terá lugar a atuação do Hugo Santos 5tet, o grupo vencedor do Concurso Internacional de Jazz promovido pela Centro de Estudos de Jazz da Universidade de Aveiro, dedicado à promoção do trabalho de jovens músicos no início do seu percurso profissional na música; a seguir apresentar-se-á o projeto “Of Fragility and Impermanence” liderado pelo contrabaixista André Carvalho e que reúne um naipe de músicos importantes do jazz português atual. O domingo do primeiro fim de semana será ocupado pelo espetáculo proposto pela associação Porta-Jazz, que desta vez terá como protagonistas os quatro músicos e um diseur de um quinteto internacional liderado pela jovem pianista Clara Lacerda e que, como habitualmente, se centrará no cruzamento interdisciplinar do jazz com outras artes – este ano esse eixo extramusical é a literatura, manifestado pela presença da voz e poesia de Vasco Gato. A fechar o capítulo de parcerias do festival, a Sonoscopia apresentará durante a tarde do último dia do Guimarães Jazz o Trio Kvelvane–Østvang–Vermeulen, uma formação recente composta por três músicos oriundos de duas das duas mais dinâmicas cenas de improvisação livre europeia – a Noruega e a Bélgica – que serão nesta edição os representantes dos idiomas de experimentação que constituem um dos vetores criativos fundamentais da música contemporânea.
A fechar, uma nota final de atenção para o grupo que este ano terá a responsabilidade de liderar as tradicionais jam sessions e oficinas de jazz que acompanham todo o festival e constituem uma das suas fontes principais de vitalidade. O Alex Hitchcock Quintet, liderado por um saxofonista britânico sedeado em Nova Iorque, é formado por um grupo eclético de jovens músicos com uma experiência já relevante no circuito jazzístico internacional e, tal como habitualmente, além das referidas atividades paralelas, subirá a palco para dois concertos, respetivamente em nome próprio e em conjunto com a Orquestra de Jazz da ESMAE, espetáculo no qual se apresentarão os resultados do trabalho com os alunos desta instituição de ensino na interpretação das composições de Alex Hitchcock.

Ivo Martins


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PROGRAMA

 

Quinta 6 novembro, 21h30

CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu

Immanuel Wilkins

Blues Blood

 

Sexta 7 novembro, 21h30

CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu

Maria João e Orquestra de Guimarães

Abundância - Celebração de 40 anos de Carreira

 

Sábado 8 novembro, 16h00

CCVF / Pequeno Auditório

Projeto Centro de Estudos de Jazz Univ. Aveiro / Guimarães Jazz

Hugo Santos 5tet

Sábado 8 novembro, 18h00

CCVF / Pequeno Auditório

André Carvalho

Of Fragility and Impermanence

 

Sábado 8 novembro, 21h30

CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu

Fred Hersh Trio

 

Domingo 9 novembro, 17h00

CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu

Projeto Orquestra de Jazz da ESMAE / Guimarães Jazz

dirigida por Alex Hitchcock Quintet

 

Domingo 9 novembro, 21h30

CIAJG / Black Box

Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz

 

Quinta 13 novembro, 21h30

CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu

Mark Turner Quintet

 

Sexta 14 novembro, 21h30

CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu

Craig Taborn, Tomeka Reid e Ches Smith 

 

Sábado 15 novembro, 16h00

CCVF / Pequeno Auditório

Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz

Trio Kvelvane – Østvang – Vermeulen

 

Sábado 15 novembro, 18h00

CCVF / Pequeno Auditório

Alex Hitchcock Quintet

 

Sábado 15 novembro, 21h30

CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu

Danilo Pérez com Bohuslän Big Band


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ATIVIDADES PARALELAS

 

Quinta 6 a Sábado 8 novembro

Convívio / 23h59-02h00

Jam Sessions

Alex Hitchcock Quintet

 

Terça 11 a Sexta 14 novembro

CCVF / 14h30-18h00

Oficinas de Jazz

Alex Hitchcock Quintet

 

Quinta 13 a Sábado 15 novembro

CCVF / Café Concerto / 23h59-02h00

Jam Sessions

Alex Hitchcock Quintet

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