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SEXTA 7 NOVEMBRO, 21H30
Maria João e Orquestra de Guimarães
"Abundância" - Celebração de 40 anos de Carreira
Evento
Foi em 1991 que Maria João pisou pela primeira vez o palco do Guimarães Jazz. Regressou cinco anos depois, numa fase em que a própria vida musical da vocalista estava prestes a mudar radicalmente, uma vez que pouco tempo depois a sua música alcançaria uma visibilidade mediática que a iria projetar a patamares invulgarmente elevados de reconhecimento do público, tanto em Portugal como nos circuitos internacionais do jazz e da world music. Em 1995 Maria João ainda não era icónica, mas era já talentosa e carismática, e a seu lado atuava o pianista Mário Laginha, que com ela viria posteriormente a formar um duo que constitui um dos casos mais interessantes do jazz português em termos não só de popularidade, mas também, e sobretudo, de originalidade criativa. Praticamente trinta anos depois desse concerto num Guimarães Jazz ele próprio numa fase precoce de afirmação da sua identidade, e quarenta anos depois do início de uma carreira prestigiante (e, se nos é permitido este adjetivo, muito bonita) na música celebrados neste espetáculo apropriadamente intitulado “Abundância”, Maria João lança um olhar retrospetivo sobre as raízes mais profundas da sua música e vida pessoal, situadas numa geografia de história partilhada entre Portugal e África que é neste projeto personificada pelo contributo de um conjunto de músicos e vocalistas moçambicanos.
Maria João nasceu em Lisboa e inaugurou o seu percurso musical em 1982, ano em que começou a frequentar a Escola de Jazz do Hot Clube de Lisboa. A formação do Quinteto Maria João marca o início da sua obra autoral e leva-a a atuar sensivelmente em Portugal e na Europa, despertando assim os primeiros sinais de recetividade do público e de reconhecimento crítico, sendo disso exemplo o prémio que lhe foi atribuído de melhor grupo em competição no prestigiado Festival de Jazz de San Sebastian (Espanha) em 1985. Nessa fase a vocalista envolve-se em colaborações com músicos internacionais de renome, tais como como o saxofonista alemão Christof Lauer ou a pianista japonesa Aki Takase, que foram evoluindo ao longo do tempo em relações de cumplicidade artística. A década de 1990 é inaugurada com a fundação da banda Cal Viva, um projeto influenciado pela música tradicional portuguesa que, em vários sentidos, antecipa uma das tendências mais relevantes da música pop em Portugal na primeira década dos anos 2000, e prosseguirá nos anos posteriores em ritmo de intensa atividade criativa. Além dos trabalhos discográficos em nome próprio (entre os quais podemos destacar o incontornável “Fábulas”, acompanhada por um grupo excecional de músicos, incluindo Ralph Towner e Kai Eckhardt), Maria João e Mário Laginha, pianista com quem a vocalista vinha colaborando há vários anos, começam a aprofundar uma parceria artística de fulcral relevo tanto na sua carreira como no jazz português, dada a magnitude da atenção mediática e reputação internacional alcançada pelo duo. Nas últimas duas décadas, a carreira da vocalista, apesar de mediaticamente mais discreta, desenvolveu-se num caminho de expansiva criatividade em várias configurações e estilos, em projetos mais intimistas (como por exemplo o álbum “Pele”, em coautoria com o guitarrista José Peixoto), experimentalistas (ver o caso interessante dos Ogre, um ensemble de jazz eletrónico) ou orquestrais (expressado em colaborações com Brussels Jazz Orchestra ou a Orquestra de Jazz de Matosinhos), entre outras incursões por uma abundância de territórios musicais.
Neste concerto na 34ª edição do Guimarães Jazz, a acompanhar a banda de Maria João, composta por um teclista (João Farinha), um baterista (Texito Langa) e um coro de três vozes (Mariana Ramos, Mariana Brissos e Inês Almeida), e seguindo os arranjos e a direção musical de Pedro Lima, estará a Orquestra de Guimarães, a qual volta a encarar um desafio tão exaltante quanto exigente que acrescenta mais um capítulo de experiência profissional no seu historial já significativo de atividade no jazz português.
Maria João vozes
João Farinha teclados
Texito Langa bateria
Mariana Ramos coro
Mariana Brissos coro
Inês Almeida coro
Orquestra de Guimarães