Pelas Oficinas do Teatro Oficina (OTO) já passaram centenas de jovens, muitos formadores, e várias mãos cheias de textos, peças, leituras encenadas, digressões… As OTO decorrem durante o calendário do ano letivo e, por isso, o que aqui apresentamos neste mês de abril, já soa a despedida.

Ainda estamos aqui!  é o nome que demos a estas apresentações das três turmas destas Oficinas, que vêm fazendo caminho desde setembro do ano passado.

Foi um ano em que celebrámos cada aula em que estávamos todos. Ora porque alguém estava com COVID, ora porque estava em isolamento, ou ainda porque a vida continuava a acontecer e, com ela, o trânsito, o atraso, os contratempos. Ainda assim, foi o ano em que o teatro foi mais real do que ficção, mas também o ano em que o drama da realidade ultrapassou o drama do palco.

Nestas duas sessões, duplicamos a apresentação do espetáculo fábrica de matar baleia, que integra o projeto “PANOS - palcos novos palavras novas”, desenvolvido durante doze anos pela Culturgest e agora organizado pelo Teatro Nacional D. Maria II, com a coordenação de Sandro William Junqueira. Esta não é a primeira vez que o Teatro Oficina se liga a este projeto. O PANOS tem já passado pel’A Oficina, que foi acolhendo alguns dos espetáculos no pequeno auditório do Centro Cultural Vila Flor, mas também já o integrou com encenações suas, tendo inclusive em 2011 trazido o prémio para casa, através da encenação de Diana Sá. Neste ano em que se repete a capicua dos números, fazemos figas para que, se correr bem, e se o júri que nos vier ver assim o entender, talvez tenhamos de alugar um autocarro para ir até Lisboa, para apresentá-lo a outras alunas, alunos, alunes do país.

A participação do Teatro Oficina no PANOS foi pensada e coordenada pela antiga diretora artística d’A Oficina, Fátima Alçada que, aliás, coordenou e imaginou estas Oficinas do Teatro Oficina que agora aqui tomam forma e que vos apresentamos.

Esse projeto, desenhado para este ano, inclui a apresentação regular dos processos de trabalho, seja em forma de espetáculos, de leituras encenadas, de exercícios de grupo, ou de improvisações. Respondendo ao repto, as turmas de Jovens e de Adultos apresentam, então, duas leituras encenadas, de textos que têm vindo a trabalhar nas aulas.

Ambas partem de palavras escritas por outros para as atualizar no seu corpo e na sua voz. O resultado é uma espécie de criação coletiva, que junta, mistura, e cose textos das alunas e alunos, fragmentos das suas improvisações, com a estrutura e as palavras escritas por outros autores.

Depois, entramos na reta final das aulas. Só nos falta um mês até nos despedirmos para as férias de verão. Contenham as lágrimas, apresentaremos um último exercício no dia 28 de maio. Apesar de ainda não sabermos o que será, chamamos-lhe Beautiful friend, the end, como na música. E como na vida.